sexta-feira, 13 de abril de 2012

Alguns peixes neotropicais, campos elétricos e robôs

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Uma enguia pode gerar corrente suficiente para atordoar sua presa da mesma forma que um taser (máquina de eletrochoque, na expressão inglesa). E peixes da ordem Gymnotiformes, importantes componentes da fauna neotropical de água doce das Américas Central e do Sul, também podem gerar eletricidade, mas não a ponto de nos machucar. “Esses peixes, entre eles o peixe faca, são únicos por produzir e detectar campos elétricos”, explica o neuroetologista Eric Fortune, da Universidade Johns Hopkins, que se debruça sobre a aproximação evolutiva e comparativa do comportamento animal. “Eles utilizam esses campos elétricos na comunicação social e na detecção de objetos”, completa o pesquisador ianque, que viajou ao Equador para estudar os peixes faca em seu hábitat natural. Ele instalou alguns instrumentos acústicos debaixo da água, para que pudesse ouvir e registrar os zumbidos elétricos dos peixes. De volta à universidade, o pesquisador e engenheiro mecânico Noah Cowan, e o resto do grupo de Fortune, usaram as informações coletadas para fazer experimentos e observações no laboratório.

Eles estudaram o peixe faca a fim de aprender mais sobre como os cérebros dos animais trabalham para controlar seus comportamentos. “Nós observamos como eles interagem na natureza e depois criamos experimentos controlados, que nos permitem provar algumas questões científicas específicas”, conta Cowan. “Os pesquisadores querem compreender melhor como esses peixes usam seus campos elétricos, como se fosse um sexto sentido, não apenas para se comunicar, mas para nadar e para encontrar sua próxima refeição”. Isso se deve a um pequeno órgão localizado na cauda do peixe, que gera o campo elétrico que o circunvolve. Quando algo passa através do seu campo, o peixe tem receptores em sua pele que detectam o objeto. Cada peixe faca pode gerar sua própria frequência, que, em alguns casos, muda, quando outros peixes da mesma espécie se aproximam.
Ainda não se sabe exatamente porque, mas os cientistas acreditam que seja para evitar um congestionamento dos sinais ou para se comunicar. Agora os pesquisadores querem saber o que acontece quando mais que dois peixes faca interagem. Seus campos aumentam ou reduzem a habilidade de detectar predadores e presas? Dependendo da resposta, talvez viver em grupo para essa espécie seja mais benéfico. 

Os cientistas destacam a capacidade de nado desse peixe, que é fantástica: eles podem nadar para frente, para trás e rodar rapidamente. Por esses motivos é que o peixe faca está sendo utilizado como modelo para o desenvolvimento de pequenos robôs submersíveis. O engenheiro mecânico e biomédico Malcolm MacIver, da Universidade Northwestern, nos Estados Unidos, está montando um robô ágil que pode nadar como a espécie de peixe em questão. E, algum dia, talvez, o robô também possa se utilizar de um ‘sexto sentido’ para monitorar a saúde dos recifes de coral ou para nadar nas águas escuras de um derramamento de petróleo.

fonte: NSF

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Peixes Marinhos e Estuarinos do Maranhão

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          O livro Peixes Marinhos e Estuarinos do Maranhão foi lançado no dia 27 de Novembro, na Feira do Livro de São Luís, na Praça Maria Aragão. A publicação é de autoria do professor doutor em Oceanografia pela Universidade Federal de Pernambuco, Jorge Luiz Silva Nunes e do professor doutor em Genética e Evolução pela Universidade Federal de São Carlos, Nivaldo Magalhães Piorski, que juntos produziram estudos sobre a biodiversidade maranhense, analisando a ictiofauna costeira do Maranhão.
      A pesquisa visa contribuir com o conhecimento de estudantes e interessados a respeito da ictiofauna, ou seja, conjunto das espécies de peixes que vivem no litoral maranhense, áreas coralíneas, manguezais e poças de marés.
        Esse estudo busca ampliar o pouco que se conhece sobre os peixes desses ambientes no estado. "O conteúdo apresentado poderá ser utilizado tanto como referência para aqueles que trabalham na área, bem como auxiliar didático em disciplinas dos cursos de Biologia, Oceanografia e Engenharia de Pesca", destacou Jorge Luiz Silva Nunes.
           A obra aborda informações gerais sobre cações, raias e peixes ósseos, listagem das espécies de peixes com nomes vulgares, estudo sobre a distribuição e abundância de larvas de peixes, além dos indicadores bibliométricos da ictiofauna. A obra recebeu o incentivo da FAPEMA.

domingo, 25 de março de 2012

"Piau cabeça gorda" Leporinus frederici (Bloch, 1794): uma importante fonte de alimento no Maranhão

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Os piaus possuem grande valor comercial e pertencem a família Anostomidae é um grupo de peixes da ordem Characiformes, com cerca de 110 espécies, restrito a América do Sul e com representante em todas as bacias hidrográficas do Brasil. No Maranhão são encontradas algumas espécies dessa família, sendo que as mais comuns são Leporinus frederici e Schizodon vitatum.

Os peixes do gênero Leporinus, possuem corpo fusiforme, boca de pequena amplitude, com no máximo oito dentes em cada maxila e posição terminal (L. friderici e L. octofasciatus) ou subinferior (L. amblyrhynchus e L. elongatus).
Costumam habitar remansos dos rios, margens com vegetação, lagoas e pequenos afluentes próximos a galhadas, esses peixes podem atingir peso de 2kg e comprimento de 40cm. A maioria é caracterizada por apresentarem o corpo prateado, com três manchas escuras nos seus flancos e nadadeiras ligeiramente douradas.

Leporinus friderici (Bloch, 1794) vive em ambiente lótico, caracteristicamente migradora, porém pode reproduzir-se em ambientes lênticos e semilóticos. Costuma viver de sete a nove anos, atingindo um comprimento máximo de 38cm e as fêmeas podem viver até 13 anos, atingindo um comprimento máximo de 45cm.

Seu período reprodutivo é relativamente curto, peixe de desova total e comportamento migratório com desovando de novembro a janeiro.

Os peixes desse gênero apresentam grande importância para a economia das comunidades ribeirinhas que o utilizam como fonte de renda e de alimento.

Por: Maura Sousa Costa.
Graduanda de Ciências Biológicas
Universidade Federal do Maranhão

Aspectos da piranha caju Pygocentrus nattereri Kner, 1858

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As piranhas são membros da família Characidae, uma família de mais de 1200 espécies, pertencendo a sub-família Serrasalmidae, um nome baseado no fato de que todos os membros têm uma quilha afiada que torna o nado mais rápido, que é dividida em gêneros distintos:Pygocentrus, Serrasalmus, Pristobrycon, Pygopristis, Catoprion,Metynnis, Colossoma e mais alguns. São peixes de água doce, muito utilizados comercialmente, vivem em rios, lagoas e represas, desde o norte da Amazônia até a costa oeste do Rio Grande do Sul

A maioria das espécies de piranhas habitam uma zona térmica que varia de 25°C até 30°C, e o pH ideal seria de 5.5 até 7.0, tendo pequenas variações de espécie para espécie. Na natureza o comprimento varia entre 15-30cm, porém algumas espécies podem atingir até 45cm.

Quanto à reprodução as piranhas são vivíparas, com cuidado parental, praticado apenas pelos machos ou fêmeas solitárias, ou de ambos e até mesmo sem cuidado parental. As piranhas têm um período de reprodução definido, embora sua a desova seja prolongada começando no início das cheias.



No Maranhão as espécies mais comuns são Pygocentrus nattereri eSerrasalmus brandtii. Vulgarmente chamadas de piranha vermelha ou piranha caju (P. nattereri) e pirambeba (S. brandtii). Pygocentrus nattererié caracterizada por apresentar perfil dorsal convexo, focinho curto e arredondado com mandíbula volumosa e prognata. O corpo tem um perfil geral arredondado e padrão de colorido cinza-prateado, com o dorso mais escuro e região antero-ventral de alaranjada a avermelhada.Serrasalmus brandtii, por sua vez, apresenta perfil dorsal côncavo na região occipital. O corpo é mais alongado e mais baixo do quePygocentrus nattereri, sendo o padrão de colorido cinza-prateado com manchas escuras dispersas pelos flancos. Geralmente piranhas do gênero Serrasalmus são peixes solitários ao contrário das do gêneroPygocentrus que vivem em grandes cardumes.

Em peixes, a composição da dieta pode apresentar variações sazonais. Estas variações podem ocorrer devido a alterações na disponibilidade de alimentos provocada por mudanças nos habitats disponíveis para forrageamento, mudanças devido a padrões biológicos dos organismos – presa e mudanças provocadas pelas atividades alimentares dos peixes em si. Piranhas são peixes com estrutura dentária adaptada para arrancar pedaços de suas vítimas, que são engolidas sem mastigar.

Estudos recentes têm demonstrado que diversas espécies de piranhas apresentam grande variedade de hábitos alimentares. Foi observado nas lagoas do rio São Francisco que Serrasalmus brandtii apresentou aumento no consumo de insetos aquáticos durante a estação chuvosa. Frutos e sementes são dois itens bastante necessários à dieta de piranhas. Em estômagos de outra espécie do mesmo gênero,Serrasalmus altuvei, foram observados peixes inteiros, matéria vegetal, escamas, insetos adultos, ovos e larvas de insetos. Com uma dieta alimentar muito variada, sendo consumidos animais, insetos até vegetais, as piranhas podem ser classificadas como onívora com tendência à piscivoria.

Seus predadores naturais também são bem variados, incluindo outras piranhas, peixes maiores, jacarés, cobras, tartarugas, aves, lontras, onças, botos e humanos.




Para conhecer mais:


AGOSTINHO, C. S. 1997. O Impacto da invasão da piranha Serrasalmus marginatus sobre a População de Serrasalmus spilopleura não do Alto Rio Paraná. Tese de Doutorado, Ecologia e Recursos Naturais, Universidade Federal de São Carlos, 59p.

AZUMA, H. 1990. Produzindo a piranha de ouro, Serrasalmus gibbus. Trop. Fish Hobb. , 38: 64-69.

GOULDING, M. 1980. The fishes and the forest exploration in Amazonian natural history. Berkeley: University of California Press. 280pp.

GOULDING, M.; CARVALHO, M. L.; FERREIRA, E. G. 1988. Rio Negro: rich life in poor water. SBC Academic Publishing. The Hague, 200pp.

LEÃO, E. L. M.; LEITE, R. G.; CHAVES, P. T. C.; FERRAZ, E. 1991. Aspectos da reprodução, alimentação e parasitofauna de uma espécie rara de piranha, Serrasalmus altuvei Ramírez, 1965 (Pisces, Serrasalmidae) do baixo Rio Negro. Revista Brasileira de Biologia, 51: 545-553.

PIORSKI, N. M.; ALVES, J. de R. L.; MACHADO, M. R. B.: CORREIA, M. M. F. 2005. Alimentação e ecomorfologia de duas espécies de piranhas (Characiformes: Characidae) do lago de Viana, estado do Maranhão, Brasil. Acta Amazônica, Vol. 35(1) 2005: 63 - 70

POMPEU, P. S. 1999. Dieta da pirambeba, Serrasalmus brandtiiReinhardt (Teleostei, Characidae), em quatro lagoas marginais do Rio São Francisco, Brasil. Revista Brasileira de Zoologia, 16 (supl. 2): 19-26.

SAZIMA, I.; MACHADO, F. A. 1990. Underwater observations of piranhas in western Brazil. Environmental Biology of Fishes, 28: 17-31.

WOOTTON, R. J. 1990. Ecology of teleost fishes. New York: Chapman and Hall. 404 p.



Por: Maurilene Sousa Costa

Graduanda de Ciências Biológicas

Universidade Federal do Maranhão

Ecomorfologia e sua aplicação a estudos com peixes

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A ecomorfologia é uma abordagem ecológica que se baseia na idéia de que as diferenças morfológicas observadas entre as espécies estão relacionadas à ação das diferentes pressões ambientais e biológicas às quais estão sujeitos os indivíduos.
Assim, vale lembrar que abordagens ecomorfológicas podem ser aplicadas a quaisquer espécies de animais, nos mais diversos ambientes, ou mesmo, servindo para comparações na eficiência de determinada estratégia na utilização do habitat entre espécies diferentes utilizando-se como referência as diferenças ecomorfológicas.
Essas diferenças podem ser estudadas através do emprego de índices morfo-biométricos denominados atributos ecomorfológicos, que são padrões que expressam características do indivíduo em relação ao seu meio e podem ser interpretados como indicadores de hábitos de vida ou de adaptações das espécies à ocupação e utilização maximizada dos habitats.
No Brasil os estudos de ecomorfologia são recentes e foram iniciados na década de 90 aplicados principalmente às comunidades de peixes de água doce. No maranhão, os estudos sobre ecomorfologia também são recentes, mas tem contribuído para trazer à luz aspectos da ecologia de peixes dulcícolas de rios, riachos e lagos, marinhos e estuarinos. Podemos citar os estudos que foram realizados na Área de Proteção Ambiental da Baixada Maranhense, Estuário do rio Anil e Parque Estadual Marinho Parcel de Manuel Luiz.
Nossos estudos na bacia do rio Munim estão produzindo relevantes dados que serão de grande importância no preenchimento de lacunas no conhecimento da ictiofauna local. 


Para conhecer mais:

BEAUMORD, A.C. & PETRERE-JR., M. 1994. Comunidades de peces del rio Manso, Chapada dos Guimarães, MT, Brasil. Acta Biológica Venezolana, FERRITO, V., MANNINO, M.C., PAPPALARDO, A.M., TIGANO, C. 2007. Morphological variation among populations Aphanius fasciatus Nardo, 1827 (Teleostei, Cyprinodontidae) from the Mediterranean. J. Fish Biol. 70: 1-20 GATZ, A. J. Jr. 1979. Communities Organization in fishes as indicated by morphological features. Ecology, 60 (4): 711-718 JERRY, D.R., CAIRNS, S.C. 1998. Morphological variation in the catadromous Australian bass, from seven geographically distinct riverine drainages. J. Fish Biol. 52: 829-843 KEAST, A. 1985. The piscivore feeding guild of fishes in small freshwater ecosystems. Env. Biol. Fish. 12: 119-129 MACHADO, M. R. B. 2000. Aspectos ecomorfológicos das comunidades de peixes em dois ambientes da Baixada Maranhense, Nordeste do Brasil. Monografia – Universidade Federal do Maranhão. PIORSKI, N.M., ALVES, J.R.L., MACHADO, M.R.B., CORREIA, M.M.F. 2005. Alimentação e ecomorfologia de duas espécies de piranhas (Characiformes: Characidae) do Lago de Viana, Estado do Maranhão, Brasil. Acta Amazônica 35 (1): 63-70. SMITH, W.E. 1999. A ecomorfologia de peixes no Brasil. Boletim da Sociedade Brasileira de Ictiologia. 56: 8-12. VARI, R. P. & WEITZMAN, S. H. (1990). A review of phylogenetic biogeography of the freshwater fishes of South America. In: Peters, G. & Hutterer, R. Vertebrates in the tropics. Proceedings of the international symposium on vertebrate biogeography and systematics in the tropics. Bonn, Alexander Koening zoological research institute and zoological museum. pp. 381-393. WATSON, D.J. & BALON, E.K. 1984. Ecomorphological analysis of fish taxocenes in rainforest streams of northern Borneo. J. Fish Biol. 25:371-384. 

Por: Diego Sousa Campos
Graduando de Ciências Biológicas
Universidade Federal do Maranhão
Laboratório de Organismos Aquáticos
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